Ir para as ruas não é mais uma opção, e sim uma ação urgente

Renan Vicente da Silva
3 min readJul 5, 2021
Registro fotográfico da manifestação na Praça Nilo Peçanha em Barra do Piraí/ RJ (acervo pessoal).

No último dia 03 de julho de 2021, foram realizados diversos atos e manifestações contra o anti-presidente Jair Bolsonaro e seu desgoverno genocida, que de forma criminosa e intencional ocasionaram na morte de milhares de pessoas brasileiras. Diante desse colapso humanitário é importante adicionarmos o aumento da miséria e pobreza em dinheiro, assim, não existe mais possibilidade de permanecermos em nossas casas, no responsável distanciamento físico, pois o vírus bolsonarista é mais letal e mortal que o novo coronavírus (SARS-CoV-2). A desobediência civil está se materializando como um dos caminhos para libertação de futuros, no provocar rachaduras na sociedade de consumo produtora de pandemias.

Estar nas ruas durante uma pandemia, ainda tão incerta e imprevisível, possui seus riscos, desse modo, é um ato que precisa ser pensado na individualidade e especificidade de cada contexto, mas sempre em diálogo com a coletividade. Precisamos recordar diariamente que enquanto permanecemos seguros, uma manada de seres desumanizados, na sua maioria de corpos negros, nunca conseguiram permanecer em casa. Já que precisaram manter os privilégios da branquitude, e ainda continuam. Não possuem opção para seguirem suas vidas. E também não são nem considerados como prioritários na vacinação, a qual se mostra cada dia mais elitista e racista. Dessa forma, essas pessoas não precisam escolher em ir para ruas, já estão nelas a muito tempo. Eu escolhi sair das quatros paredes do meu lar para fluir pelas ruas, na sua potência do encontro com outras pessoas, sendo essa uma confluência na equação da rebelião, que é EU+UM+UM+UM…

Na cidade de Barra do Piraí, em que nasci, cresci e renasci, encontrei movimentações centrais de ocupação das ruas, mesmo com as opressões e controles da prefeitura, a qual utiliza-se da pandemia, para reprimir o ecoar das vozes inconformadas e inquietas. Mas é preciso se posicionar e lutar contra os limites asfixiadores das forças apoiadoras do bolsonarismo, não nos silenciarão. E com muita estratégia as pessoas organizadoras do ato colaram os cartazes no chão da praça central do município, desse modo, conseguiram transmitir suas mensagens e ainda envolver as populações barrenses que se deslocavam pelo local. Foi extraordinário estar presente no coração da minha cidade gritando um: FORA BOLSONARO! Nesse território sangrento pelo período cafeeiro-escravocrata, que ainda é muito conservador, tradicional e racista. Esse foi apenas um simbólico grito de basta diante da perversidade da política de morte em execução, não estamos aguentando mais continuar existindo em cada amanhecer.

Se habita muitas dúvidas em ti sobre ir ou não ir para as ruas, recomendo que desperte para o momento atual. Pense e repense, aqui e agora, pois é uma ação urgente estarmos juntes nos mais diversos espaços públicos com nossas máscaras PFF2 e álcool em gel. Não é apenas por você, sua família, amigues e conhecides, porém e principalmente, são pelos povos brasileiros, os quais são negros, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, favelados, que tombam diariamente na necropolítica pandêmica, sem qualquer direito de respirar. Não existe amanhã se ficarmos retidos no conforto de nossos lares, ainda é possível agirmos, vamos juntes?

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Ipiabas, 04 de julho de 2021

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